PRIVACIDADE DAS REUNIÕES MEDIÚNICAS

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42. As reuniões mediúnicas devem ser públicas? Por que?

DIVALDO - o Codificador recomenda pequenos grupos, graças às dificuldades que há nos grandes grupos, de sintonia vibratória e harmonia de pensamento.

Uma reunião mediúnica de caráter público é um risco desnecessário, porque vêm pessoas portadoras de sentimentos os mais diversos, que irão perturbar, invariavelmente, a operação da mediunidade. Afirmam os Benfeitores que uma reunião mediúnica é um grave labor, que se desenvolve no campo perispirítico, e se a equipe não tem um conhecimento especializado é compreensível que muitos problemas sucedam por negligência da mesma. A reunião mediúnica não deve ser de caráter público, porque teria feição especulativa, exibicionista, destituída de finalidade superior, atitudes tais que vão de encon­tro negativamente aos postulados morais da Doutrina.

Mesmo nas reuniões mediúnicas privativas deve-se manter um número ideal de membros, não excedente a 20 pessoas, para que se evitem essas perturbações naturais nos grupamentos massivos.

Onde haja um grupo mediúnico com grande número, que seja dividido em dois trabalhos separados (porque, em Movimento Espírita, na ordem do bem, dividir é multiplicar o benefício daqueles que se repartem). Igualmente é necessário que as pessoas sejam afins entre si no grupo. Por motivos óbvios, se estamos numa reunião mediúnica e não somos simpáticos a um indivíduo, toda a comunicação que por ele venha, os nossos recalques e conflitos põem-nos carapuças, acreditando serem indiretas a nós dirigidas. Se, por acaso outrem não nos é simpático, quando ele entra em transe ficamos bombardeando-o:

Imagine o fingido; vê se eu vou acreditar nele!Formamos, assim, uma antena emissora de dificuldades para o companheiro que está sendo agredido pela nossa mente, porque desde que o indivíduo é médium, ele não o é exclusivamente dos Espíritos desencarnados, mas também dos encarnados.

O êxito de uma reunião mediúnica depende da equipe que ali comparece e não apenas do médium.

Os Mentores programam, mas aquela equipe em funcionamento responderá pelos resultados.

Nunca é demais recomendar que as sessões mediúnicas sejam de caráter privado.

 

45. Uma pessoa com problemas mediúnicos deve ser encaminhada, sem risco, para uma reunião mediúnica?

DIVALDO - A colocação já demonstra que a pessoa tendo problemas deve primeiro equacioná-los, para depois estudar e aprimorar a faculdadeque gera aqueles problemas. Como na mediunidade, os problemas são do Espírito e não da faculdade mediúnica, é necessário que primeiro se moralize o médium.

Abandonando as paixões, mudando a direção mental, criando hábitos salutares para sua vivência, reflexionando no Evangelho de Jesus, aprendendo a orar, ele equaciona, na base, os problemas que inquietam o efeito, que é a faculdade mediúnica. Somente após o quê, é-lhe lícito educar a mediunidade.

No capítulo I de O Livro dos Médiuns o Codificador examina o assunto, na epígrafe: Há Espíritos? Explica Allan Kardec que ninguém deve levar a uma sala de química, por exemplo, alguém que não entenda das fórmulas e das composições químicas. Explico-me: um leigo chega numa sala e vê vários vidros, com água branca e uma anotação que lhe parece cabalística: HN03+ 3HCI (* Água Régia, substância altamente corrosiva). Para ele a anotação não diz nada. Mas, se misturar aqueles líquidos corre perigo. Assim também é necessário primeiro que o indivíduo conheça no laboratório do mundo invisível as soluções que vai manipular, para depois partir para as experiências.

E de bom alvitre, portanto, que alguém, que tenha problemas de mediunidade, seja encaminhado às sessões doutrinárias de estudos, para primeiro evangelizar-se, conhecendo a Doutrina a fim de que, mais tarde, canalize as suas forças mediúnicas num bom direcionamento.

Há uma praxe entre as pessoas pouco esclarecidas a respeito da Codificação Espírita, que induz se leve o indivíduo a uma sala mediúnica para poder equacionar problemas, como quem tira uma coisa incômoda de cima da pessoa.

O problema de que a criatura se vê objeto pode ser o chamamento para mudança de rota moral. A mediunidade que aturde é um apelo para retificação das falhas. E é necessário ir-se às bases para modificar aqueles efeitos perniciosos.

Daí, diante de uma pessoa com problemas mediúnicos, a primeira atitude nossa será encaminhar o necessitado à aprendizagem da Doutrina Espírita, que é a terapêutica para seus problemas. A mediunidade será educada a posteriori como instrumento de exercício para o bem, mediante o qual granjeará títulos para curar o mal de que se é portador. 

 

97. Na terapia da desobsessão, é bom que o obsidiado frequente trabalhos mediúnicos?

DIVALDO - O ideal será que ele não participe dos trabalhos mediúnicos. Se estiver no estado em que registra as idéias sadias e as perturbadoras, o trabalho mediúnico pode ser-lhe seriamente pernicioso. Porque, se o obsessor incorporar, poderá ameaçá-la diretamente, criando nele condicionamento que depois vai explorar de Espírito a Espírito. Como a necessidade não é do corpo físico do enfermo, ele pode estar em qualquer lugar e os Mentores trarão as Entidades perturbadoras.

Ao que ele não deve faltar, sim, é às sessões de esclarecimento doutrinário, para que aprenda a libertar-se das agressões dos Espíritos maus e, ao mesmo tempo, crie condições para agir com equilíbrio por si mesmo.

 

LIVRO “REUNIÕES MEDIÚNICAS”

Projeto Manoel Philomeno de Miranda

 

Seleção e privacidade

1 - Privacidade, não se admitindo no local e horário para o intercâmbio mediúnico senão a equipe responsável, exceção feita para algum convidado em condições de assisti-lo, a critério do dirigente.

No item 330 de O Livro dos Médiuns, Allan Kardec chama a atenção que não apenas a qualidade dos médiuns determina a qualidade de uma reunião, esclarecendo que as influências de todos os assistentes repercutem nela, conforme estudara anteriormente, quando tratou da influência do meio.

Não seria, portanto, de estranhar-se o seu empenho, quando da composição do Estatuto da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, no sentido de dotá-la de normas seguras e capazes de proteger as suas reuniões experimentais contra a infiltração de elementos desinformados, curiosos ou antagônicos, conforme se nota nos artigos 3°, 4° e 17°, este último sumariamente proibindo as sessões mediúnicas públicas.

Ao contemplar a possibilidade de ouvintes, o referido Estatuto estabelece, no artigo 22, que esses seriam aceitos somente quando simpatizassem com os trabalhos da Sociedade e já estivessem suficientemente iniciados na ciência espírita para compreendê-los.

Os critérios de Allan Kardec podem ser percebidos melhor na prática, através dos diálogos que simula em O Que é o Espiritismo. No primeiro, ele enfrenta um crítico sistemático, de má vontade, empenhado a mais não poder na tentativa de obter permissão para assistir a algu­mas reuniões. Obviamente que o Codificador não se dobra, negando aquilo que seria uma concessão indébita, para, no final, expor sua tese, enfeixada na seguinte recomendação: - Instrua-se primeiro pela teoria.

No segundo diálogo, Allan Kardec se depara com um céptico, apenas desinformado, embora portador de honestas dúvidas e objeções para as quais buscava respostas convincentes. De saída, o Codificador adverte-o de que não tinha pretensão de poder responder a todas as questões - o que, aliás, seria impossível no espaço de uma entrevista - colocando-se à disposição para os esclarecimentos ao seu alcance.

Salta aos olhos a profunda diferença de traços psicológicos entre os dois interlocutores de Allan Kardec. O primeiro - o crítico - é o que o Codificador chama de incrédulo por sistema, materialista de má-vontade e por interesses escusos; não está maduro para o ensino espiritual. O segundo - o céptico - é o incrédulo por ignorância que só precisa que lhe retirem a venda dos olhos. O seu caráter habilita-o para o ensino. Tanto assim o é que Allan Kardec acolhe-o com interesse de irmão e mestre. O diálogo começa ameno e termina com uma pessoa convencida e entusiasmada conquanto não convertida. Mesmo assim o professor Rivail mantém a sua tese sustentando a necessidade de preparação. Acena-lhe, todavia, com a possibilidade alvissareira de vir a ser um ouvinte (não necessariamente de imediato) propondo-lhe o estudo da Doutrina que, em verdade, ali mesmo inicia com as 37 questões basilares de Doutrina Espírita de que se compõe a entrevista. É nesse diálogo que está a tão repetida expressão do mestre lionês:

As comunicações de além-túmulo cercam-se de maiores dificuldades do que geralmente se crê: não estão isentas de inconvenientes e perigos para os que não têm a necessária experiência. Sucede o mesmo a quem se mete a fazer manipulações químicas, sem conhecer a química: corre o riscode queimar os dedos... (grifos nossos).

O pensamento de Allan Kardec em O Método (O Livro dos Médiuns, 1ª Parte, cap. III) encerra a questão:

O melhor método de ensino espírita consiste em se dirigir antes à razão do que aos olhos...

Os que crêem antes de haver visto, apenas porque leram e compreenderam, longe de se conservarem superficiais, são, ao contrário, os que mais refletem.

A inteligência prévia dos fatos não só as coloca (as pessoas) em condições de se aperceberem de todas as anomalias, mas, também, de apreenderem um sem-número de particularidades, de matizes, às vezes muito delicados, que escapam ao observador ignorante. Tais os motivos que nos forçam a não admitir, em nossas sessões experimentais, senão quem possua suficientes noções preparatórias para compreender...

Comungam com o pensamento do Codificador, León Denis (No Invisível, Primeira Parte, cap. IX), Manoel Philomeno de Miranda, (Nas Fronteiras da Loucura, cap. 16) e a totalidade dos Espíritos nobres vinculados à divulgação espírita em nossa terra, além da maioria dos experimentadores encarnados comprometidos com o ideal da Doutrina Espírita.

Esses critérios se aplicam ao exercício mediúnico de responsabilidade grupal e solidária. Naturalmente que, médiuns há, e sempre os houve, comprometidos por força de um programa reencarnatório a trabalharem a mediunidade dentro de um enfoque de maior liberdade, para fins exclusivos de provarem a sobrevivência, justificando, destarte, uma atuação mais voltada para o público.

 

LIVRO “DIÁLOGO COM AS SOMBRAS – Teoria e Prática da Doutrinação”

Cap. II – As pessoas

Hermínio C. Miranda

OS ASSISTENTES (página 86)

 

Dificilmente um grupo mediúnico deixará de ser procurado por pessoas que desejam assistir aos seus trabalhos. Uns por mera curiosidade, outros na esperança de se deixarem convencer, ou de se manterem na sua vaidosa e tola descrença, outros na expecta­tiva de uma cura, seja de males orgânicos, seja de desarmoniza­ções espirituais, como a obsessão, estados de angústia ou de desespero, ante a partida de pessoas queridas.

Os motivos são muitos, certamente relevantes, e a nós, espí­ritas, custa recusar pedidos de ajuda a pessoas que, muitas vezes, nos são muito caras. O certo, porém, é que não estaremos recusando ajuda simplesmente por não concordarmos com o eventual comparecimento de alguém aos trabalhos do grupo.

Sabemos que esta reserva é quebrada, com frequência, em muitos grupos, enquanto outros adotam a prática de abrir suas portas, em caráter permanente, seja a um público reduzido e selecionado, seja a qualquer pessoa que se apresente.

Na minha opinião, somente em casos excepcionais se justifica a presença de pessoas estranhas ao grupo, nos trabalhos de desob­sessão. Sob condições normais, ela não é necessária à tarefa que nos incumbe junto aos obsidiados que buscam o socorro de um grupo mediúnico. Mais do que desnecessária, a presença de pessoas perturbadas, no ambiente onde se desenrola o trabalho me diúnico, pode provocar incidentes e dificuldades insuperáveis. Sei que alguns dirigentes de grupo objetarão a esse radicalismo; julgo, porém, que, como regra geral, deve ser preservada a intimidade do trabalho mediúnico. É preferível pecar por excesso de rigor, do que arriscar-se a pôr em xeque a harmonia e a segurança da tarefas. Em casos excepcionais, grupos que contem com excelente cobertura espiritual poderão admitir essa prática, mas, é bom repetir, não como norma de procedimento O grupo pode perfeita­mente assistir os companheiros encarnados sob as provações da obsessão, sem introduzi-los no seu ambiente de trabalho. Não é a presença física deles, junto ao grupo, que vai facultar ou fácilitar a tarefa, ao contrário, essa presença pode causar consideráveis trans­tornos. Os benfeitores espirituais dispõem de recursos mais seguros e eficazes para isso, não havendo necessidade de correr riscos inde­vidos. Assim, a não ser que os responsáveis espirituais pelo trabalho recomendem taxativamente a presença da pessoa, no ambiente em que se realisam as sessões, isso deve ser tormalmente evitado.

Ainda que aqueles que solicitam nossa ajuda interpretem a recusa como falta de caridade, ou ausência de espírito de colabo­ração, sabemos que assim não é. Também não se torna necessário descer a pormenores explicativos e justificativos dessa atitude. Basta dizer ao interessado que não é necessária a sua presença física, para que o trabalho seja feito. E não é mesmo, na imensa maioria dos casos. Pelo menos é essa a experiência que tenho tido, em vários anos de prática.

O que acontece é que pessoas sob o domínio de obsessores implacáveis e vingativos, rancorosos e violentos, apresentam inva­riavelmente um componente mediúnico, ou seja, são também mé­diuns, embora desgovernados, desajustados e ignorantes de suas fa­culdades e Possibilidades.

No livro “Nos Domínios da Mediunidade”, narra André Luiz o tratamento de um caso de possessão. Hilário pergunta ao Instrutor se deve considerar o doente, por nome Pedro, como médium:

— “Pela passividade com que reflete o inimigo desencarnado, será justo tê-lo nessa conta, contudo, precisamos considerar que, antes de ser um médium na acepção comum do termo, é um Espírito endívidado a redimir-se.”

E mais adiante, na página seguinte (76, da 6ª edição da FEB):

“... Por esse motivo (compromissos do passado), Pedro traz consigo aflitiva mediunidade de provação.” (Destaques meus.)

Assim, na condição de médium desgovernado, e não integrado na equipe que constitui o grupo que se incumbe de socorrê-lo, o obsidiado, ou possesso, facilmente introduzirá nele um fator de perturbação e desequilíbrio, que poderá trazer sérias complica­ções, se o grupo não estiver muito bem preparado para essa res­ponsabilidade.

Em suma: a meu ver, como regra geral, o grupo mediúnico não deve permitir a presença de pessoas estranhas às suas tarefas. Somente em condições muito especiais, excepcionais mesmo, deverá fazê-lo, se dispuser de cobertura e consentimento expresso dos ben­feitores espirituais. Esses casos serão previamente selecionados pelos mentores do grupo, e nem sempre conhecemos as razões pelas quais assim decidem. Pode ser que o tratamento exija certos tipos conjugados de mediunidade, ou de recursos outros, de que o grupo não disponha no momento, como, por exemplo, número maior de médiuns, ou um doutrinador especial. Pode ser, também, que seja necessária a presença de determinada pessoa encarnada, com a qual desejam pôr o Espírito manifestante em contacto direto. Pode ser, ainda, que não desejem, com um caso especial, interferir no fluxo normal do trabalho. Ou então, estaria havendo dificuldade em atrair o Espírito a ser tratado, até ó local onde habitualmente se realiza a sessão. Enfim, há sempre razões respeitáveis, quando um dirigente espiritual de nossa confiança propõe que o trabalho seja feito à parte. Evidentemente, nessa hipótese, a sessão exige tais cuidados que, obviamente, não poderia ser realizada sob as condições normais. Nestes casos, os Espíritos orientadores solicita­rão uma sessão especial, em dia e hora previamente combinados, designando, ainda, quem dela deve participar.

Isso, no que diz respeito a pessoas perturbadas, sob o domínio de rancorosos obsessores ou possessores; mas, e aqueles que apenas desejam “assistir” aos trabalhos? Devem ser admitidos? Na minha opinião, não. Não que o grupo mediúnico seja uma sociedade se­creta, hermética, esotérica e misteriosa, mas, porque é da sua essência uma atitude de recato, de sigilo, de discrição. O trabalho mediúnico, especialmente o de desobsessão, não é para ser divul­gado, nem exibido, como espetáculo público.

 

UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA

http://www.uemmg.org.br

POR QUE A REUNIÃO MEDIÚNICA DEVE SER PRIVATIVA?


         "E perguntou-lhe Jesus dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse:
         Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios". (Lc; 8:30)
             
      Na apresentação do livro Desobsessão, Emmanuel, ao explicar a passagem acima citada, nos esclarece que Jesus, ao conversar fraternalmente com o obsesso, pergunta-lhe o nome; o médium, consciente da pressão que sofria por parte das Inteligências conturbadas e errantes, informa chamar-se "Legião" porque eles eram muitos. 
Acerca disso, Emmanuel esclarece que o Cristo entendia-se de forma simultânea com o médium e com as entidades comunicantes e, através desse processo, nos mostra que "desobsessão não é caça a fenômeno e sim trabalho paciente do amor conjugado ao conhecimento e do raciocínio associado à fé". E continua Emmanuel a explicação quanto à necessidade de "vulgarizar a assistência sistemática aos desencarnados (...) por intermédio das equipes de companheiros consagrados aos serviços dessa ordem ". 
André Luiz, ainda nesta obra, também reforça a colocação acima. Ao afirmar que "cada templo espírita deve e precisa possuir a sua equipe de servidores de desobsessão, quando não seja destinada a socorrer as vítimas da desorientação espiritual que lhe rondam as portas, para defesa e conservação de si mesma".

     Allan Kardec, no Projeto 1868, nos diz que "um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade". Em se tratando de "prover a Sociedade de um local convenientemente situado e disposto para as reuniões e recepções", ressalta dentre outros itens, o terceiro, no qual temos o seguinte "um compartimento destinado às evocações íntimas, espécie de santuário, que não seria profanado por nenhuma ocupação estranha  ".

     Kardec também esclarece no artigo 17 de O Livro dos Médiuns, intitulado "Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas", que "as sessões serão particulares ou gerais; nunca serão públicas". Ele assinala que as reuniões particulares possibilitam "(...) os assuntos de estudo que mais tranqüilidade e concentração reclamem, ou que ela julgue conveniente aprofundar, antes de tratá-lo em presença de pessoas estranhas".

     Dentro deste raciocínio, André Luiz, na obra Conduta Espírita, nos informa:
Abster-se da realização de sessões públicas para assistência a desencarnados sofredores, de vez que semelhante procedimento é falta de caridade para com os próprios espíritos socorridos, que sentem torturados, o comentário crescente e malsão em torno de seu próprio infortúnio .

     Ainda segundo André Luiz, agora no livro Desobsessão, temos:
     A desobsessão abrange em si obra hospitalar das mais sérias.

     Compreenda-se que o espaço a ela destinado, entre quatro paredes, guarda a importância de uma enfermaria, com recursos adjacentes da Espiritualidade Maior para tratamento e socorro das mentes desencarnadas, ainda conturbadas ou infelizes.
     Arrede-se da desobsessão qualquer sentido de curiosidade intempestiva ou de formação espetaculosa.

     Coloquemo-nos no lugar dos desencarnados em desequilíbrio e entenderemos, de pronto, a inoportunidade da presença de qualquer pessoa estranha a obra assistencial dessa natureza. (...) Daí nasce o impositivo de absoluto isolamento hospitalar para o recinto dedicado a semelhantes serviços de socorro e esclarecimento, entendendo-se, desse modo, que a desobsessão, tanto quanto possível, deve ser praticada de preferência no templo espírita, ao invés de ambientes outros, de caráter particular.

     Vejamos outras considerações acerca do tema no capítulo 21 do mesmo livro:
     O serviço da desobsessão não é um departamento de trabalho para cortesias sociais que, embora respeitáveis, não se compadecem com a enfermagem espiritual a ser desenvolvida, a benefício de irmãos desencarnados que amargas dificuldades atormentam.
     Ainda assim, há casos em que companheiros da construção espírita-cristã, quando solicitem permissão para isso, podem ter acesso ao serviço, em caráter de observação construtiva; entretanto, é forçoso preservar o cuidado de não acolhê-los em grande número para que o clima vibratório da reunião não venha a sofrer mudanças inoportunas.

     Quanto à chegada inesperada de doentes, temos as seguintes considerações: Quando ocorrer (...) a chegada de enfermos ou de obsidiados sem aviso prévio, sejam adultos ou crianças, necessário que o discernimento do conjunto funcione, ativo. (...) O doente e os acompanhantes podem ser admitidos por momentos rápidos, na fase preparatória dos serviços programados, recebendo passes e orientação para que se dirijam a órgãos de assistência ou doutrinação competentes (...) Findo o socorro breve, retirar-se-ão do recinto.

     Ainda a respeito da privatividade da reunião mediúnica, retiramos de O Livro dos Médiuns o seguinte trecho: "Uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam como que um feixe. Ora, este feixe tanto mais força terá, quanto mais homogêneo for" .

      Já no capítulo 4 da obra Obsessão-Desobsessão, temos:

     O ministério da desobsessão só deve ser realizado em equipe. (...) o bom êxito dos trabalhos de desobsessão depende muito da equipe de encarnados, que precisa estar ciente de suas responsabilidades.

     A equipe de encarnados tem assim funções específicas e de grande responsabilidade, mas, ela se submete, a seu turno, àquela outra equipe – a espiritual – que é em verdade a que dirige e orienta os trabalhos em todo o seu desenrolar.

     Quando o grupo de encarnados é harmônico, isto é, quando já está afeiçoado aos trabalhos de mediunidade socorrista e coloca-se como dócil instrumento a serviço dos Amigos Espirituais, a reunião cresce em produtividade, porque então as duas equipes trabalharão em consonância e a programação será executada de comum acordo (...).

     No capítulo 2 da mesma obra, temos a seguinte colocação: "O aposento destinado à reunião de desobsessão é, dentro do Templo Espírita, o local onde são medicadas, mais diretamente, as almas".

     A respeito do livro Os Mensageiros, de André Luiz, quando, no capítulo 4, o autor espiritual nos fala sobre os desencarnados inconformados com o desencarne, Suely explica que:

     (...) A sala onde se realizam os trabalhos mediúnicos representa para tais seres a possibilidade de entrarem em contato com os que ainda estão na Terra e de receber destes as vibrações magnéticas que carecem.(...) Motivo pelo qual ele não é um trabalho para principiantes, visto que exige dos participantes a exata noção da gravidade dos momentos que ali serão vividos (...) Por isto é que jamais devem ser abertos ao público.

     A sala reservada para tais atividades foi comparada por André Luiz a uma sala cirúrgica, que requer isolamento, respeito, silêncio e assepsia, onde só entram os que se prepararam antecipadamente. Como também é isolada de olhares indiscretos e curiosos.

      Hermínio C. Miranda, no livro Diálogo com as Sombras, nos diz que:
     (...) somente em casos excepcionais se justifica a presença de pessoas estranhas ao grupo, nos trabalhos de desobsessão. Sob condições normais, ela não é necessária à tarefa que nos incumbe junto aos obsidiados que buscam o socorro de um grupo mediúnico. (...) a presença de pessoas perturbadas, no ambiente onde se desenrola o trabalho mediúnico, pode provocar incidentes e dificuldades insuperáveis (...) como regra geral, deve ser preservada a intimidade do trabalho mediúnico. (...) o grupo pode perfeitamente assistir os companheiros encarnados sob a provação da obsessão, sem introduzi-los no seu ambiente de trabalho.(...) Os benfeitores espirituais dispõem de recursos mais seguros e eficazes para isso, não havendo necessidade de correr riscos indevidos.

     O Livro Série Evangelho e Espiritismo: Mediunidade, da UEM, esclarece quanto à seguinte pergunta: "As reuniões mediúnicas devem ou podem ser públicas?" E, sobre ela, tem-se a seguinte resposta: "De acordo com a Codificação, não devem ser públicas e também por uma questão de segurança e de caridade para com os necessitados".

     No livro Recordações da Mediunidade, Yvonne Pereira diz, com muita propriedade, que:

     (...) Não convirá ao obsidiado assistir às sessões realizadas a seu benefício durante o estado agudo do mal, nem o obsessor deverá ser doutrinado por seu intermédio.(...) O obsidiado, afeito às vibrações dominantes de seu opositor, não estará em condições de se prestar à comunicação normal necessária, é antes um enfermo necessitado de tratamento e não um médium, propriamente .

     O relato encontrado no capítulo "O Psicoscópio" do livro Nos Domínios da Mediunidade, também nos esclarece quanto à privacidade necessária a uma reunião mediúnica:
      – Esta é a casa espírita onde encontraremos nosso ponto básico de experiências e observações.

Entramos. Atravessamos largo recinto, em que estacionavam numerosas entidades menos felizes de nosso plano; o orientador esclareceu:

 – Vemos aqui o salão consagrado aos ensinamentos públicos. Todavia, o núcleo que buscamos jaz situado em reduto íntimo, assim como o coração dentro do corpo. (grifos nossos)

Escoados alguns instantes, penetramos acanhado aposento, onde se congregava reduzida assembléia, em silenciosa concentração mental.(...) Sabem que não devem abordar o mundo espiritual sem a atitude nobre e digna que lhes outorgará a possibilidade de atrair companhias edificantes....

     Ainda sobre o tema proposto, temos os seguintes trechos:

     (...) a desobsessão deve ser praticada no templo espírita, ao invés de ambientes outros, de caráter particular. No templo espírita, os instrutores desencarnados conseguem localizar recursos avançados do plano espiritual para o socorro a obsidiados e obsessores.

     Uma reunião mediúnica de caráter público é um risco desnecessário, porque vêm pessoas portadoras de sentimentos os mais diversos, que irão perturbar, invariavelmente, a operação da mediunidade.

     A reunião mediúnica não deve ser de caráter público, porque teria feição especulativa, exibicionista, destituída de finalidade superior, atitudes tais que vão de encontro negativamente aos postulados morais da doutrina.

     Obreiros devotados, sob a direção de técnicos e diretores (...) preparavam o recinto reservado à pratica dos fenômenos (...). Enquanto isso, foi solicitada ao diretor espiritual do Centro em questão a fineza de recomendar ao diretor espiritual terreno, por via mediúnica, absolutamente não permitir assistência leiga ou desatenciosa aos trabalhos daquela noite, os quais seriam importantes e delicados...

     Considerando todo material aqui reunido, podemos concluir que um grupo harmonizado com o trabalho mediúnico está preparado para compreender a angústia e a desarmonia dos espíritos comunicantes, não comprometendo, dessa forma, o equilíbrio e o andamento da tarefa. Todavia, se uma pessoa leiga participar de uma reunião mediúnica que não seja privada, com certeza, esse ato exigirá do plano espiritual cuidados adicionais para que a sessão possa se realizar de maneira harmônica, uma vez que muitas pessoas não estão preparadas para possíveis revelações que possam surgir, muitas vezes muito íntimas ou pessoais. O trabalho mediúnico, principalmente a reunião de desobsessão, como diz Hermínio Miranda, "não é para ser divulgado, nem exibido como espetáculo público".

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANDRÉ LUIZ (Espírito). Desobsessão. [ditado pelo espírito André Luiz;  psicografado por  Francisco  Cândido  Xavier  e  Waldo  Vieira] – Rio de Janeiro: FEB, 1987, 9. ed., p.13, 77, 89, 95.

–––––––. Conduta Espírita. [ditado pelo espírito André Luiz; psicografado por Waldo Vieira] – Rio de Janeiro: FEB,1987, 13.ed., cap.24, p. 90.

–––––––. Nos Domínios da Mediunidade.  [ditado pelo espírito André Luiz; psicografado por Francisco Cândido Xavier] – Rio de Janeiro: FEB, 1985. 14.ed., cap. 2 , p. 21.

KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Rio de Janeiro: FEB, 2005, 37. ed., p.339.

–––––––. O Livro dos Médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 2005, 75. ed., cap. XXX – art. 17-21, p. 448-9; cap. XIX, p. 427, item 331.

SCHUBERT, Suely C. Obsessão-Desobsessão. Rio de Janeiro:FEB,1995, 10.ed., cap. 4, p.134 – 3. parte.

MIRANDA, Hermínio. Diálogo com as Sombras. Rio de Janeiro: FEB, 1995, 9.ed., p.86.

UEM – União Espírita mineira. Série: Evangelho e Espiritismo - Mediunidade. Belo Horizonte: 1986.

PEREIRA, Yvonne A. Recordações da Mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 2002, 10. ed., item 6, p. 211.

–––––––. Memórias de um Suicida. Rio de Janeiro: FEB, 1987, 14. ed., cap.6, p.143.

FEB – Conselho Federativo. Orientação ao Centro Espírita. Brasília: FEB, 1988, 3.ed.  "Reunião de Desobsessão", cap. 6,  item 7 d.

FRANCO, Divaldo e TEIXEIRA, Raul. Diretrizes de Segurança. Niterói: Ed. Frater, 5.ed., p. 62, questão 42.

 

Ver também Livro Dimensões Espirituais do Centro Espírita, de Suely Caldas Schubert, Pg. 185, 186

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